Olá, pessoal!
Não é segredo nenhum que o formato do bumerangue influencia no seu desempenho. Aqui vou mostrar algumas características dos modelos de duas e três asas e como elas contribuem para o voo. Algumas delas podem ser aplicadas também a modelos com mais asas.
Primeiro, temos que reconhecer que a divisão entre modelos de duas asa e modelos de três asas nem sempre é clara. Nos
modelos tradicionais, o cotovelo é tão aberto que não temos problemas em identificar onde começa e onde termina cada asa. Mas em modelos como o
Fuzzy, a coisa complica. De fato, é possível encontrar vários modelos que seriam "estágios intermediários" da transformação de um modelo de três asas em outro de duas. Assim, fica difícil dizer se o
shape da região intermediária deve ser feito como o de uma asa ou como o de um cotovelo.
[1] Dividindo uma das asas de um modelo de duas asas, é possível
criar modelos de duas asas.
Pra complicar ainda mais, existem vários tipos de cotovelo. Podemos identificar cinco modelos principais: em V, em U, platô, fechadura e o meia-asa.
[2] Os cinco tipos principais de cotovelo.
A depender do tipo de voo que se deseja, você pode fazer o
shape dos cotovelos e V e de meia-asa como o de uma asa normal. Mas note que a contribuição deles para a sustentação será menor, pois provavelmente eles estarão mais próximos do
CG. Quanto aos outros, eles determinarão
quão rápido o bumerangue irá deitar. Quanto mais sustentação eles gerarem, mais rápido isso irá acontecer. Se você shapear a parte de fora como uma borda de ataque (ou fizer um
undercut ali), o voo do bumerangue será mais alto. Se, ao contrário, você fizer uma borda de fuga, o voo será mais baixo.
A parte de dentro do cotovelo também pode ser shapeada, mas gerará efeitos inversos à parde de fora: faça um
shape de borda de ataque (ou um
undercut) e o voo será mais baixo; faça um shape de borda fuga e o voo será mais alto.
Nos modelos de três asas, a direção das asas vai influenciar a altura do voo (o
shape também,
veja como neste outro post). Elas podem ser completamente inclinadas ou ter apenas as pontas curvas. Se apontarem para a frente farão o bumerangue voar mais baixo. Já se apontarem para trás, resultarão num voo mais alto.
[3] O bumerangue da esquerda terá um voo alto, enquanto
os outros dois voarão mais baixo.
Por fim, há o formato das pontas das asas. Elas podem ser divididas em cinco tipos básicos, que pode ser combinados entre si: retas, alargadas, afiladas, bulbosas ou curvas. Quanto mais largas forem as pontas das asas, maior será o peso delas (obviamente), aumentando a distância do voo. Isso também faz com elas tenham mais superfície para se trabalhar o
shape, permitindo bordas mais largas e a utilização de recursos como concaves e pentes. Note também que as pontas podem ser arredondadas ou mais quadradas: as arredondadas geram menos arrasto e deixam o bumerangue com mais giro, além de machucarem menos se te acertarem por acidente.
[4] Os cinco tipos principais de ponta de asa.
A maneira mais fácil de aplicar o que aprendemos aqui é trabalhar com modelos que têm todas as asas do mesmo tamanho. Também é possível utilizar esses conhecimentos em modelos com asas diferentes entre si (também conhecidos como "assimétricos"), mas devemos levar em consideração que os efeitos serão influenciados por outros fatores. Por exemplo: uma asa com a ponta mais larga tenderia a fazer o bumerangue voar mais longe, mas se ela for mais curta que as outras, esse efeito será diminuído, por a
distância até o CG do bumerangue será menor.
Até a próxima!
Ítalo Carvalho
Créditos das imagens:
[1]: L'Essentiel du Boomerang, por Didier Bonin & Olivier Duffez (Chiron Editeur)
[2], [3] e [4]:
Performance Boomerangs, por John Cross, versão digital por David B Bjørklund.