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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Tabela de correção de erros

Olá, pessoal!


Aqui vai uma tabela de correção de erros que segue o modelo de regulagem do John Cross, muito útil tanto pra regular um bumerangue já pronto (especialmente os de plástico, que aceitam bem torções e empenamentos) quanto pra corrigir um bumerangue em processo de fabricação. Recomendo que leiam o post sobre o modelo de regulagem para entenderem melhor como essa tabela funciona.

Como a tabela é bem resumida, incluí alguma figuras que ajudam a entender algumas coisas (agradecimentos à minha amiga Silvanir Souza, que teve bastante paciência pra me ajudar a editar algumas delas, já que eu não entendo quase nada de edição de imagens). Recomendo que imprimam e levem pra campo sempre que forem arremessar:

Tabela de correção de erros - traduzida do livro Performance Boomerangs, do John Cross.


Até a próxima!
Ítalo Carvalho.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Modelo de regulagem

Olá, pessoal!

Para ajudar na hora de regular ou até mesmo fazer o shape dos bumerangues, surgiram alguns modelos que organizam de forma lógica o funcionamento do bumerangue. Nenhum deles é perfeito, cada um tem suas limitações. Al Gerhards usava o bowl tuning (regulagem "na tigela"), Eric Darnnel usava cada asa de um TriFly pra fazer um tipo de alteração, enquanto outras pessoas fazem regulagens de formas um tanto quanto aleatórias. O método que vou descrever aqui é o apresentado por John Cross no Performance Boomerangs (onde você também encontra mais informações sobre os outros métodos citados). Ele não é perfeito, mas pode ser aplicado para a maioria dos modelos de duas e três asas, sejam eles para diversão ou  para competição. Mas mesmo em bumerangues que não se encaixem nesse perfil você pode adaptar as ideias apresentadas aqui, basta ter motivação para tentar. O objetivo de trazer este modelo não é esgotar o assunto, mas fornecer um bom ponto de partida no qual todos possam trabalhar. 

O método de Cross se baseia em uma premissa básica: deve haver um equilíbrio entre as forças que atuam no bumerangue. É possível perceber falhas nesse equilíbrio observando o voo do bumerangue e, quanto mais você praticar, mais fácil será notá-las. A partir daí você pode escolher a melhor entre várias estratégias para corrigir o desequilíbrio, que podem ir de simples regulagens a alterações no shape do bumerangue (às vezes a melhor estratégia é combinar diversas regulagens e/ou alterações). Cada estratégia trará efeitos secundários que podem ser desejáveis ou indesejáveis. Não é possível prever a extensão esses efeitos (por exemplo: é possível saber que determinada alteração aumentará o arrasto, mas não dá para prever exatamente o quanto), então o que fazemos é dar um empurrão na direção certa e, através de testes, tentativas e erros, determinar se o resultado foi satisfatório ou o que mais podemos fazer pra alcançá-lo. Logo, aprender com os próprios erros faz parte do processo.

Há basicamente quatro características do bumerangue que podem ser alteradas: diedro, sustentação, arrasto e distribuição de peso. É impossível mudar apenas uma sem causar algum efeito secundário nas outras, como eu disse acima. Mas primariamente os papéis de cada uma são os seguintes:

  • Diedro: determina quão rápido o bumerangue vai deitar e a altura do voo;
  • Sustentação: determina o alcance do bumerangue (maior sustentação significa menos alcance);
  • Arrasto: determina a velocidade do voo e giro do bumerangue (quanto mais arrasto, menor a velocidade);
  • Distribuição de peso: determina o CG do bumerangue e a eficiência de cada asa.


É por causa das interações entre essas características que surgem os efeitos secundários mencionados acima. Cross chega a afirmar que "podemos, pelo menos em parte, pensar nelas como variações da mesma coisa". É por isso que pode acontecer de você fazer uma alteração esperando certo efeito e descobrir que o resultado foi algo completamente diferente. E para conseguir o efeito desejado, você terá que mudar algo que não imaginava originalmente (por isso é importante ter paciência para testar as várias possibilidades). Agora vamos ao método em si.

Imagine que você pode desenhar o percurso do bumerangue sobre ele. Considere que mudar uma região do bumerangue vai mudar a região correspondente de seu voo. Assim, num modelo de duas asas, a asa 1 vai corresponder à ida, a asa 2 vai corresponder à volta e o cotovelo ao ponto em que o bumerangue está mais longe de você (Figura 1). Já nos modelos de três asas, escolha uma asa para ser o cotovelo e não mexa nela. A asa à direita será a asa 1 e a asa à esquerda será a asa 2, devendo ser tratadas como em um modelo de duas asas (Figura 2). Marque pelo menos uma das asas com caneta ou fita adesiva para você poder saber qual é qual.

[1] Modelo aplicado a um bumerangue de duas asas

[2] Modelo aplicado a um bumerangue de três asas


Agora você só precisa prestar atenção em qual fase do voo está o problema que você quer corrigir. E isso nem sempre é uma tarefa fácil, mas é uma habilidade que você desenvolve com o tempo e bastante treino (paciência, jovem gafanhoto!). Se o problema está na ida, comece tentando modificar a asa 1. Alguns exemplos do que acontece na ida são o início do retorno, ganho de altitude e alcance do voo. Se o problema está na volta, mexendo na asa 2 você pode alterar o ganho de altitude durante o retorno, a precisão e mudar a forma como ele paira no ar.

O ideal é que os ajustes sejam feitos em campo, assim você pode testá-los logo em seguida e ter uma ideia da magnitude dos efeitos. Vá aos poucos, fazendo uma mudança por vez, assim você saberá o que reverter se o resultado não for o esperado. E por falar em reverter, teste primeiro mudanças que podem ser revertidas (flaps, elásticos, diedro, ângulo de ataque), assim você evita o risco de perder um bom bumerangue mudando seu shape, o que sempre trás consequências permanentes. Lembre-se também que você pode usar diversas estratégias diferentes para obter os mesmos resultados, então não tenha medo nem preguiça de tentá-las até encontrar aquela que melhor se adapta ao seu estilo de arremesso e/ou ao modelo em que você está trabalhando.

Este modelo de regulagem é a base teórica para a tabela de correções de erros que você encontra aqui.


Até a próxima!
Ítalo Carvalho.


Créditos das imagens:
Imagens adaptadas do livro Performance Boomerangs, de John Cross, versão digital por David B Bjørklund.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Que asa segurar para arremessar?

Olá, pessoal!

Muita gente se pergunta se faz diferença qual asa seguramos pra arremessar. A resposta pra essa pergunta é a mesma que pra quase tudo no mundo do bumerangue: depende.

Se você leu o post sobre centro de gravidade (e se não leu, leia), deve lembrar que quanto maior for a distância entre uma força aplicada e o CG, maior será o efeito dela. Aqui isso também é válido. Quanto maior a distância entre o lugar que você segura o bumerangue e o CG, mais impulso e mais giro (spin) você conseguirá colocar.

Em modelos de três ou mais asas, sendo todas as asas iguais em formato e em peso (ou seja, sem que só algumas asas sejam furadas ou chumbadas), o CG estará no centro geográfico do bumerangue, então não importa a asa que você segurar. Mas nos modelos em que as asas não são iguais e em todos os modelos de duas asas o CG não corresponde ao centro geográfico. Isso leva a duas situações distintas.

Na primeira, imagine um bumerangue de três ou mais asas em que uma das asas é mais comprida que as outras. Se você segurar na ponta desta asa, que será o ponto mais longe do CG, o efeito de alavanca será maior e você conseguirá colocar no bumerangue mais impulso e giro, como dito acima. Caso você segure em outra asa, mais próxima do CG, o efeito será menor.

Na segunda situação imagine um modelo de duas asas, sendo que ambas têm o mesmo comprimento e o mesmo peso. Como o CG está no espaço entre as asas, a posição dele em relação a sua mão mudará de acordo com a asa que você segura. Mais importante ainda: a direção do movimento do CG vai ser diferente no momento em que você soltar o bumerangue. Vamos aos dois casos:


     1 - Se você segurar pela asa 1, o CG vai estar sobre sua mão no momento que você soltar o bumerangue, além de se mover para a frente, horizontalmente. Dessa forma, o bumerangue sairá com mais giro, pois a direção em que o CG se movimenta nesse instante é a mesma que o bumerangue como todo, sendo que as duas velocidades vão se somar completamente.



O CG se movimenta para a frente, na mesma direção
que o bumerangue como um todo.


     2 - Se você segurar pela asa 2, o CG vai estar atrás de sua mão no momento que você soltar o bumerangue, além de se mover para frente e para cima. Dessa forma, o bumerangue sairá com menos giro, pois a direção em que o CG se movimenta nesse instante é diferente do bumerangue como todo, sendo que as duas velocidades vão se somar apenas parcialmente.


O CG se movimenta para frente e pra cima, enquanto
o bumerangue como um todo vai para a frente.

E que efeitos isso terá no voo do bumerangue? A depender do modelo, impulso e giro de mais podem causar perda de estabilidade e de precisão, então pode ser vantajoso arremessá-los por uma das asas mais curtas ou pela asa 2. O estilo de cada pessoa também influencia. Quem não consegue reduzir a força do arremesso pode escolher uma asa que faça um contraponto à força extra. Cabe a  quem está arremessando saber reconhecer as particularidades do modelo e do próprio estilo pessoal pra determinar a escolha da asa.  Em muitos casos, regular o bumerangue pode ser a melhor opção, mas sempre é bom ter um amplo repertório de técnicas disponíveis para selecionarmos as que mais se adequam a cada situação.


Até a próxima!
Ítalo Carvalho.

Créditos das imagens: todas as fotos por Ítalo Carvalho. Modelo utilizado: Tradicional Bahadara (shape por Magrão).